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Produtor de cana quer fazer chover

A técnica consiste em pulverizar as nuvens com gotículas de água, causando uma reação física que favorece a precipitação. Em Pernambuco, o setor sucroalcooleiro está interessado em utilizar o sistema como alternativa para períodos de estiagem.

A Modclima, empresa responsável pelo desenvolvimento da tecnologia, presta serviços semelhantes para produtores de soja de Goiás, da Bahia e do Maranhão e tem um projeto de longo prazo desenvolvido com a companhia de abastecimento de São Paulo (Sabesp), focado no abastecimento de água do estado.

´O sistema existe desde 2001 e foi desenvolvido pelo engenheiro brasileiro Takeshi Imai, totalmente nacional. Uma aeronave com bicos pulverizadores la nça gotas de água de forma controlada nas nuvens, gerando uma reação física que provoca a chuva`, explica Jason Torres, da Arrowplan- empresa de valorização da propriedade intelectual que representa a Modclima em Pernambuco.

Torres evita falar em valores para a aplicação da técnica, mas diz que os gastos para combater os efeitos da seca no período de entressafra dariam para desenvolver o trabalho de um ano com a ´fábrica de chuvas`. Segundo ele, a chuva provocada pela pulverização dura entre 1h30 a 3h. A inovação está justamente em usar água para produzir a chuva. As demais técnicas conhecidas usam o cloreto de sódio, que é bombardeado nas nuvens e acelera o processo de precipitação.

O procedimento foi testado por duas usinas da Zona da Mata Norte no ano passado, quando a falta de chuvas na entressafra prejudicou a produção de cana-de-açúcar da região. Mesmo com os resultados iniciais apontando uma certa imprecisão sobre o local exato da ocorrência das chuvas, a téc nica foi considerada promissora.

´Contratar individualmente, para propriedades menores, não seria vantajoso. Mas numa região com 19 municípios, como a Zona da Mata Norte, quenos últimos 18 anos enfrentou seis períodos críticos de seca com prejuízos incalculáveis, o custo-benefício é enorme`, avalia Paulo Guedes, vice-presidente da Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco. Ele explica que a proposta da entidade é que o governo estadual crie uma brigada contra a seca, que preveja a produção de chuvas em épocas de necessidade extrema.

O assunto já foi discutido na Câmara Setorial da Cana-de-açúcar e do Álcool e está sendo estudado pelo governo. ´A técnica pode beneficiar o setor canavieiro e outras culturas da região. Apenas no ano passado deixaram de ser produzidas 500 mil toneladas de cana por falta de chuvas, mas ainda não temos uma posição definida`, diz Fausto Pontual, gerente de Segmentos Econômicos da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco.

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