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Perspectiva de compra anima produtores

usina barbalhaA perspectiva de compra da Usina Manoel Costa Filho, neste Município, com investimentos de cerca de R$ 170 milhões, volta a animar produtores na região. No último sábado, a usina, que se encontra paralisada há mais de dez anos, recebeu a visita de investidores do Estado de São Paulo. Essa é a terceira vez que o grupo, formado por empresários e usineiros, vem à região para verificar as condições de possível negociação, que poderá ser concretizada até o fim deste ano.

Uma das questões constatadas pelos empresários, que justificou o fechamento da Manoel Costa Filho, foi o processo de gestão, e não o setor produtivo local. A expectativa dos empresários é que o equipamento venha entrar em funcionamento até 2016, com a reativação do setor produtivo, inclusive com incentivo aos pequenos agricultores e parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA).

Segundo o presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico do Estado (Adece), Roberto Smith, esse foi um dos grupos propostos a adquirir a usina que mais avançou em termos de negociações. Ele disse que, mesmo não citando o nome dos possíveis compradores, a ideia é que eles venham constituir uma empresa no Ceará. “O pessoal está interessado. Acho que há uma grande possibilidade de compra”, admite.

A proposta inicial é produzir açúcar (aproximadamente 600 toneladas por ano). Mas estará destinada também à produção dos outros derivados, como o álcool. Além disso, deve-se investir na tecnologia de reaproveitamento do bagaço da cana, com o uso de nitrogênio, fósforo e potássio (NPK), para a transformação em carvão vegetal. O produto seria utilizado na adubação do solo, para otimizar a produtividade da cana e comercialização para outras agroindústrias do segmento.

Para o secretário de Agricultura de Barbalha, Elismar Vasconcelos, essa possibilidade de compra da usina anima os pequenos produtores. Ele destaca a reativação do setor, como um todo, desde a produtividade da cana, que teve uma queda significativa nos últimos anos, como um sonho. “Não tenho acompanhado de perto esse processo, mas o que tenho ouvido é animador em relação à retomada do seu funcionamento”, diz ele.

O presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Barbalha, Francisco Sérgio Pereira da Silva, admite que essa possibilidade volta a animar os produtores. A cada ano, quase 2 mil pequenos produtores, segundo ele, saem da cidade para trabalhar em usinas no Sudeste do País. Mais recentemente, até no Paraná. “Estamos dispostos a colaborar com esse processo, para dar melhores condições para os nossos agricultores se manterem por aqui mesmo”, ressalta.

Após o fechamento da usina, restaram dívidas trabalhista para centenas de trabalhadores, que chegaram a reivindicar na justiça o ressarcimento. O presidente do Sindicato afirma que, em alguns casos, houve andamento, com parte do pagamento da dívida. Mas noutros ainda tem gente que não chegou a receber nada.

O processo de compra da Usina pelo governo do Estado ocorreu em junho do ano passado. O arremate em leilão, por R$ 15,4 milhões, chegou a animar setores da economia local, além do agrícola.

A região, segundo dados da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará (Ematerce), chegou a demonstrar um potencial agricultável em uma área de 8.500 hectares.

De lá pra cá, foram cooptados diversos possíveis investidores, conforme Smith, a exemplo de investidores norte-americanos, do próprio Estado do Ceará e também de São Paulo. Mas nada foi concretizado. Uma das alegações de alguns deles esteve relacionada ao potencial aquífero existente no Cariri para manter a produção. A usina foi implantada em Barbalha em 1973, mas o grande auge da produção ocorreu nos anos 80 e começo dos anos 90.

A recuperação dos equipamentos foi orçada por técnicos contratados pela Adece em cerca de R$ 35 milhões, no ano passado, quando havia a perspectiva de compra pelo Governo do Estado. Segundo a presidente do órgão, os empresários deverão fazer esse levantamento para ratificar os dados de investimento nas melhorias. Conforme Smith, eles viram a possibilidade de um bom aproveitamento dos equipamentos disponível.

Em um primeiro momento, o Estado, com os valores já investidos, entraria como sócio, e, ao longo dos anos, os investimentos governamentais seriam revertidos em novos projetos voltados para o desenvolvimento do Estado do Ceará.

Roberto Smith ressalta que, nesse momento, a questão primordial é a retomada do processo produtivo. O grupo vem mantendo contato constante com a Adece e, até o fim do ano ele espera que todo o processo de negociação seja concluído. “A ideia dos produtores é também incentivar a cadeia produtiva, principalmente com os pequenos produtores”, diz.

(Fonte: Diário do Nordeste)

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