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País precisa estimular uso do etanol, defendem especialistas

O etanol pode ser uma excelente saída para redução das emissões de gases poluentes, assim como para a consolidação das matrizes energéticas limpas e renováveis no país. A defesa foi feita em audiência pública nesta quarta-feira (1º) promovida pela Comissão Mista Permanente sobre Mudanças Climáticas (CMMC). A intenção do encontro foi aprofundar o debate sobre o papel do setor sucroenergético a fim de subsidiar proposições a serem apresentadas pelo Brasil na 21ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 21), que ocorrerá no final de novembro na França.

Investir em combustíveis renováveis deveria ser uma ação de saúde pública, argumentou o professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), Paulo Hilário Saldiva, um dos convidados do evento. Ele explicou que a poluição ambiental eleva os riscos de se contrair doenças e destacou que a poluição do ar mata, no mundo, mais do que malária e diarreia juntas – cerca de sete milhões de pessoas anualmente. Sendo o etanol um combustível que emite menos poluição, defendeu, sua expansão resultaria diretamente em mais saúde para a população.

— Temos políticas muito fortes contra o tabaco e nenhuma contra poluição. Quando você faz uma política pública de incentivo aos biocombustíveis, ela não é só uma política de energia, ela é uma política de saúde. Tudo o que melhora a qualidade de vida das pessoas se reflete em saúde — alertou.

Também presente na audiência, o diretor-geral da Agroícone, Rodrigo Lima, cobrou do governo uma política mais efetiva de incentivo ao biocombustível. A Agroícone foi fundada em 2013 para produzir estudos e pesquisas sobre as questões globais de agronegócio.

Para Rodrigo Lima, o Brasil adotou em 2010 compromissos voluntários de redução de emissão de gases nocivos, em uma proposta que incluía a ampliação do uso do etanol, porém não criou políticas de incentivo ao setor para fazer as metas de consumo de etanol serem alcançadas. Ele lembrou que, em 2008 e 2009, o setor viveu seu auge e chegou a responder por 54% do consumo de combustível do país. Atualmente, é responsável por pouco mais de 40% do mercado.

O secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), André Meloni Nassar, reconheceu que o etanol é importante não apenas como fonte de oferta de energia, mas também para a redução de gás carbônico no país. E afirmou que o governo está, aos poucos, investindo no setor.

— Falta bastante coisa para viabilizar a expansão do etanol, mas o governo quer trabalhar em conjunto com o setor produtivo, considerando a atual situação de endividamento do setor, para alcançar o objetivo. São ainda alguns passos, mas estamos na direção certa, estamos sinalizando externamente a relevância do etanol e da bioeletricidade como matriz energética — garantiu.

O senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) ressaltou também que é preciso considerar novas áreas de expansão do plantio de cana-de-açúcar, principal matéria prima do etanol no país. Ele revelou que na Amazônia há 24 milhões de hectares abertos com pastos que poderiam ser reduzidos em um terço sem prejuízo da produção pecuária para abrir espaço ao plantio de outras culturas sustentáveis, como a de cana-de-açúcar.

O deputado federal Sérgio Souza (PMDB-PR), integrante da Frente Parlamentar pela Valorização do Setor Sucroenergético e relator da comissão, acrescentou que os parlamentares estão mobilizados na busca por políticas de investimentos e incentivos no setor, já reconhecido como sustentável e mitigador da emissão de gases de efeito estufa.

Com informações da Agência Senado

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