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O mercado de trabalho e os ambientes organizacionais

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Novos papéis e responsabilidades vêm sendo designados às empresas. Um deles é a missão de contribuir para a formação e educação de pessoas para uma força de trabalho mais competente e competitiva, o que refletirá automaticamente no amadurecimento do mercado de trabalho. E da sociedade como um todo.

Existe uma realidade aceita e propagada quanto à escassez de mão de obra imperante no mercado de trabalho. Isto é fato, por um lado, mas o valor aqui é o entendimento de que a problemática é mais complexa do que se avista. Na verdade é um problema que tem origem na falta de educação propriamente dita, aquela advinda de valores humanos, sociais, familiares e pessoais. E o ciclo vicioso dessa temática vai se construindo a partir daí e desembocando também nas relações de trabalho e nos ambientes profissionais, que são especificamente nosso foco aqui. Demais ramificações têm sido analisadas também há anos por sociólogos, assistentes sociais, educadores, economistas e demais cadeias formadoras de opinião. Minha missão aqui é trazer a ótica do ambiente de trabalho e o quanto essa distorção de valores tem impactado e contribuído para essa escassez analisada e comentada de forma repetida e extenuante, mas sem foco na verdadeira causa.

Digo que o problema está na falta de competências pessoais e atitudinais, mais do que de qualificação. Também esta, com certeza, mas até esta falta é devida a fatores como a inexistência, por exemplo, da iniciativa de busca de formação ou melhoria da sua qualidade como profissional e pessoa, em detrimento a outras causas ou realidades pessoais. Podem ficar sossegados que não estou desprezando aqui a realidade da condição financeira que assola a maior parte das famílias do nosso país. Mas também não posso deixar de lembrar, com louvor, de tantos casos de superação mobilizados pela automotivação, esperança e fé. Tudo é possível, quando se quer.

As empresas recebem em suas casas o reflexo de um mercado de trabalho escasso de profissionais que vou chamar aqui de completos: aqueles que trazem em sua bagagem a comprovação de uma experiência válida para o nosso negócio, agregada de pessoas que trarão, através de posturas diferenciadas e maduras, novos traços de cultura e valores que farão muito bem às organizações. E o que está faltando, a verdadeira escassez, é esta segunda parte.

De outro lado, o mercado também receberá das empresas profissionais que não foram considerados aptos por elas e com certeza aqui estamos falando em inaptidão, principalmente, em competências comportamentais e condutas. Há anos pesquisas já têm revelado que pessoas são contratadas 80 a 85% pelo currículo e competência técnica e desligadas 100% por questões comportamentais. Isto não só mostra como a tese é real, mas também apimenta outro ponto que é a possibilidade de se ter conseguido uma evolução nesse fim, caso tivéssemos líderes prontos para isto, o que diminuiria consideravelmente o percentual de profissionais que as empresas devolvem ao mercado.

Então, mercado e empresas, nesse ciclo vicioso, sofrem reflexos da escassez de valores humanos, pessoais e profissionais. E as empresas já têm se conscientizado de que a missão de formação de profissionais e pessoas, nesse nível que estamos falando, também será papel delas. Não basta mais somente treinar para o trabalho e manter o quadro eficiente e produtivo.

Falar em formação profissional na atualidade requer das empresas um olhar mais holístico. Sim, não há como mais dissociar nos aspectos profissionais a busca de excelência técnica e executora/gestora, sem o caráter da inteligência emocional. Os processos de desenvolvimento de pessoas para demonstração de competências diferenciadas passam pela necessidade de investimento mais amplo. Investimento não só monetário, mas especialmente de dedicação, esforço continuado, disciplinada e acompanhamento. Formação e desenvolvimento passam a ter sentido de premissa de sucesso do negócio e investimento estratégico.

E quando as empresas recebem mais essa incumbência e não têm como deixá-la de lado, e isto passa a ser uma questão de necessidade para a evolução coletiva, ela precisa contar com profissionais que desempenharão os papéis de formadores de pessoas para bons resultados, boas posturas que elevarão o nível das relações de trabalho, bons exemplos e modelos que contribuirão para o desenvolvimento de líderes para o futuro, e bons ganhos relacionados à mudança de valores e senso de educação, no sentido da educação como respeito às necessidades coletivas e ao próximo. A educação que está faltando nos relacionamentos, nas interações, nas parcerias e no trato social. É preciso transcender para ganhar, superar, surpreender e transformar.

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