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Mistura de etanol na gasolina deve ser mantida

O governo considera a recente elevação dos preços do etanol “além do razoável”, mas não pretende alterar o percentual de adição do álcool anidro na gasolina para combater o “choque de alta” antes de meados de dezembro.

Embora o governo avalie que os preços devem seguir em alta até março de 2010, não há “consenso interno” sobre a interferência no mercado por meio da redução da adição do etanol, dos atuais 25% para 20%. A alteração seria uma opção, segundo apurou o Valor, apenas para evitar riscos de desabastecimento no mercado, e não para reduzir preços. Isso seria usado apenas em uma “emergência”, ou seja, se os preços ficassem realmente fora de controle.

Parte do governo avalia que os preços do etanol necessitam de uma “equiparação” com as cotações da gasolina para frear o consumo e evitar riscos ao abastecimento – a demanda interna chega a 1 bilhão de litros men! sais. As usinas precisariam, segundo a avaliação, recompor suas margens após duas safras de excesso de oferta e preços abaixo das médias históricas. Além disso, a entrada de multinacionais no setor desaconselharia medidas extremas de intervenção, sob pena de haver um prejuízo nas relações futuras. O governo está preocupado em garantir condições para a mistura obrigatória do anidro na gasolina, mas não quer perder de vista os preços do combustível hidratado.

Fontes do governo consideram “razoável” cotações entre R$ 0,85 a R$ 0,90 por litro do etanol na usina. Mas os preços do anidro já alcançaram R$ 1,12 por litro. Isso porque o cenário é desfavorável ao consumidor. As cotações internacionais do açúcar, hoje em níveis recordes, levaram os usineiros a optar por deixar o etanol em segundo plano. Mesmo com o dólar em baixa, houve uma corrida para produzir açúcar. Além disso, o excesso de chuva tem causado dificuldades na colheita da cana e provocado redução nos índices de “ATR” da matéria-prima, o que diminui o desempenho da produção industrial.

A crescente demanda provocada pelos veículos com motores “flexfuel” também elevou o consumo efetivo do combustível. Outro componente importante, segundo o governo, é permitir a recuperação das margens de lucro das companhias do setor após o longo período de baixa nos preços do etanol. O governo também busca evitar desestímulos a investimentos futuros no setor.

No curto prazo, a política oficial tem incentivado as usinas a formar estoques de passagem para atravessar a entressafra. Ocorre que os problemas financeiros de algumas empresas têm impedido os desembolsos na linha de financiamento da estocagem (“warrantagem”). Até setembro, apenas R$ 12,6 milhões da linha de R$ 2,3 bilhões administrada pelo BNDES foram emprestados pelo sistema de crédito rural. Esse volume significa apenas 0,5% do total disponível. Algumas usinas não teriam a documentação necessária para apresentar, como a Certidão Negativ! a de Débito (CND), nem garantias reais a oferecer aos bancos para contratar os recursos. Os juros de 11,25% ao ano também seria pouco atraentes. Em 2008, o governo tentou evitar os efeitos da crise financeira global sobre o setor com a oferta de capital de giro barato.

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