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Leilão revela o alto custo da escassez de energia

O leilão de ajuste promovido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) na quinta-feira, para assegurar a oferta de energia pelas distribuidoras, confirmou o elevado custo da eletricidade num momento de grave crise do setor. Este foi afetado, simultaneamente, por problemas financeiros derivados do modelo energético instaurado há pouco mais de dois anos e pela baixa ocorrência de chuvas, que reduziu para cerca da metade do esperado o nível dos reservatórios das usinas hidrelétricas.

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Geradoras com sobra de energia ou comercializadoras venderam 2,1 mil MW médios a distribuidoras pelo preço médio de R$ 386,67 o MWh, próximo do teto do mercado livre, de R$ 388,48 o MWh.

O leilão atenua uma dificuldade: a diferença entre o volume de energia assegurado às distribuidoras por contratos firmes de compra das geradoras e da energia que as distribuidoras têm de entregar aos consumidores, com base nos contratos de venda em vigor. O momento mais crítico da descontratação de energia está previsto para este semestre.

A promoção do leilão de ajuste foi necessária após o malogro do leilão A-1, em dezembro, para entrega de energia neste ano. Da demanda estimada em 3 mil MWh, apenas 622 MWh médios foram ofertados pelas geradoras Furnas e Petrobrás, que venderam a eletricidade pelo preço médio de R$ 197,09 o MWh – cerca de metade do preço do leilão de ajuste de quinta-feira. Os maiores compradores da energia ora ofertada foram a Copel, do Paraná, a Cemig mineira e a CPFL paulista – e entre os grandes vendedores figuraram BTG Pactual e a Votorantim Energia.

Os desequilíbrios evidenciados no mercado de energia, em que leilões recentes promovidos pela agência reguladora tiveram resultados insatisfatórios, mostram que o discurso oficial está longe da realidade. Na quinta-feira, data do leilão, o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, disse que a Medida Provisória 579 (que mudou o marco regulatório da energia) corrigiu “distorções” no setor elétrico e que o governo está agora reestruturando o setor. O fato é que o governo foi atropelado pelo mercado e, para evitar a sangria nos cofres públicos, vai transferir os ônus aos consumidores. Culpar as distribuidoras de São Paulo, Minas e Paraná pelo problema, como fez a autoridade, é procurar bodes expiatórios.

O custo da energia adquirida no leilão de ajuste poderá ser repassado imediatamente aos consumidores, que pagarão a conta do exaurido modelo energético.

(Fonte: O Estado de São Paulo)

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