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Corte de executivos cresce no setor

2000-04-17 Administraçao Legislaçao Gestao Executivos Reuniao (28)Pressionados por resultados positivos e reduções de custos, executivos do setor encaram uma nova realidade, na qual mudanças estratégicas podem refletir na segurança de seus próprios cargos. Situação experimentada em diversas usinas e grupos, cargos de primeiro escalão começam a sentir os entraves da economia canavieira.

O momento é delicado para o setor e por esta razão diversos fatores podem resultar no corte ou substituição de executivos. Alguns grupos, com estratégias definidas, não enxergam em seu principal executivo efetividade na implantação de ações. Em outros casos, as movimentações de fusões e vendas influenciam na mudança de cargos estratégicos, pelo perfil do executivo não encaixar com a nova filosofia da empresa. A possível tendência de incorporações pode também pressionar a troca de executivos, motivada pela implantação de visão estratégica diferente.

O CEO possui papel fundamental no alinhamento da posição de acionistas com a condução da usina. Conforme explica Josias Messias, presidente da ProCana Brasil, o momento econômico desfavorável influencia nesta troca de executivos, pela necessidade de respostas mais rápidas para contornar os entraves vividos. “No momento de crise como este as decisões têm que ser mais rápidas. Em cenário de tranquilidade, acionistas possuem maior tempo para decisões, como a mudança de algum cargo estratégico na usina. A situação atual é delicada, pressionando os conselhos a serem mais dinâmicos em suas ações”.

Para Renato Fazzolari, diretor geral da Agrho Recursos Humanos, as demissões estão ligadas principalmente à redução de custos. A elevada procura por profissionais capacitados e as expectativas de crescimento do etanol em 2006 resultaram em cargos com elevada remuneração e um número grande de profissionais capacitados neste segmento. “Algumas empresas estão aproveitando para

reestruturar seu quadro de executivos. Antes de 2008, o setor teve um período de forte crescimento. Como a oferta de emprego foi alta, trouxe consequente inflação dos salários, principalmente dos executivos. Nesta recessão a tendência é haver um achatamento dos mesmos salários”.

AS DEMISSÕES CONTINUARÃO?

A recuperação da agroindústria canavieira está prevista por alguns especialistas para ocorrer somente para

2020. Decorrente da crise vivenciada pelo setor cerca de dez usinas devem fechar durante a safra 2015/16, segundo a União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica). Políticas positivas para o etanol têm possibilitado melhores perspectivas, porém são incapazes de reverter os severos danos causados à economia canavieira no curto prazo. Neste cenário macroeconômico incerto a possibilidade de cargos estratégicos continuarem a sofrer alterações é real.

Com o segmento enfraquecido e a economia nacional desfavorável ao crescimento, a condução de usinas se tornou uma equação repleta de variáveis e com muitas propostas de solução. Motivos que têm provocado certas trocas de cargos estratégicos, que devem continuar a acontecer.

Fontes ouvidas pelo JornalCana afirmam que problemas de gestão tem influenciado na troca de executivos. Embora a falta de entendimento de estratégias entre executivos e acionistas fortaleça este cenário, analistas afirmam que há o entendimento de que esta troca pode desgastar o andamento das atividades internas da empresa.

O entendimento de que a situação vivida no setor foi oriunda de políticas prejudiciais aos produtos sucroenergéticos mitiga possíveis demissões, que têm ocorrido com propósitos de redução de custos ou por mudanças de acionistas em operações de fusões e aquisições ou recuperação judicial.

A agroindústria canavieira detém executivos com elevada capacitação para condução das usinas, inclusive para combater mais uma crise. “O setor sucroenergético tem características próprias que diferem da maioria. Crises sempre estiveram presentes, esta é mais grave e duradoura, e iniciada por fatores externos. É complicado combater tais entraves apenas com ações gerenciais” explica Renato Fazzolari.

Em momento ruim as contratações serão menores e as contas serão acertadas, o que não implica em congelamento das contratações. O mercado está ativo e buscando não somente o fortalecimento do etanol no mercado doméstico, como a expansão da cogeração para incremento de caixa. “Na prática o mercado não deixou de contratar, está apenas desaquecido e em fase de ajustamento, mas com a retomada do etanol o mercado de contratações de executivos irá se regularizar naturalmente”, conclui Fazzolari.

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