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Cachaça quer alcançar mercado internacional

Herança secular da cultura da cana, dos senhores de engenho, a produção artesanal de cachaça em Alagoas quase desapareceu ao longo dos anos, no anonimato da informalidade. Acanhados diante do crescimento onipotente das grandes usinas e da força econômica do açúcar, os engenhos fecharam, relegando a cultura da boa cachaça de alambique, quando muito, a pequenas produções caseiras, voltadas para o consumo interno.

No entanto, parece que uma nova curva se insinua em movimento ascendente, na trajetória desse produto apreciado por muitos. Uma reunião, esta semana, na sede do Serviço de Atendimento às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), definiu linhas de um projeto para reestruturar e organizar a cadeia produtiva da cachaça de alambique, e torná-la competitiva.

Qualidade do processo produtivo é otimizada

Para a aguardente alagoana consolidar seu espaço no mercado, segundo a gerente da Carteira de Agronegócios do Sebrae-AL, Fátima Santos, serão desenvolvidas ações voltadas para a padronização e melhoria do processo produtivo e da qualidade da cachaça fabricada nos alambiques alagoanos, envolvendo inicialmente os 34 produtores associados à Aprocal. Um diagnóstico técnico será realizado para avaliação das condições de produção, e depois haverá investimento em capacitação dos empresários e mestres alambiqueiros.

O projeto tem a participação, também, de especialistas no setor, como o professor Eduardo Campelo, de Minas Gerais, envolvido nas pesquisas para detectar os problemas a serem sanados para transformar a produção de cachaça, em Alagoas, em oportunidades de negócios.

Certificado do Inmetro é meta

“Já temos boas cachaças produzidas aqui. Falta criar um referencial, com definição de padrão de qualidade na produção, certificação e boa apresentação, para que comece a ser vista como uma referência no mercado”, observa Fátima Santos, do Sebrae.

Segundo ela, dos 34 produtores registrados, 10 já têm registro no Ministério da Agricultura e certificado do Inmetro. Outros 24 estão sendo trabalhados dento das metas e

objetivos do projeto de reestruturação e profissionalização da produção de cachaça.

“Vamos, com isso, também, agregar valor histórico e cultural ao produto, fortalecendo, com ele, o segmento artesanal do turismo local. É importante, depois de todo esse processo, uma campanha de marketing para nos posicionarmos no mercado”, destaca ela.

‘Negócio é viável, mas ninguém pense que é fácil’

Em todos os segmentos envolvidos, não falta ânimo e confiança no potencial da cachaça alagoana. Para o médico Lenildo Amorim, um dos produtores mais bem estruturados de Alagoas, “o negócio é viável. Mas ninguém pense que é fácil, ou que já vai entrar ganhando. Tem que haver foco, planejamento, organização empresarial e persistência”.

Com a mesma experiência que já lhe garantiu três prêmios de qualidade industrial, o proprietário do Alambique Brejo dos Bois, localizado no município de Junqueiro, avalia que a meta de ocupar com a cachaça alagoana uma posição de destaque no mercado nordestino, e até conquistar o mercado internacional, não é impossível.

Fabricada há cinco anos, a Cachaça Brejo dos Bois começou a ser comercializada em 2006, é líder de vendas em Alagoas, está bem posicionada nos mercados de Pernambuco e Sergipe, vende bem na Bahia, começa a ocupar prateleiras também no Rio de Janeiro e em São Paulo, e até tem um representante comercial em Portugal.

Produção quadruplicou em Alagoas

O projeto de reestruturação e profissionalização da produção da cachaça em Alagoas começou a andar agora, mas ele surgiu de um movimento de reorganização dos próprios produtores, que já apresenta, nos números que se desenham para este ano, as primeiras evidências de mudança expressiva na curva da produção da cachaça em Alagoas.

Os números do Sebrae e da Aprocal apontam para a produção de 293 mil litros de cachaça de alambique neste ano nas 34 unidades produtivas. Em 2009 foram 63 mil litros, segundo a Aprocal.

Capacitação e pesquisa colaboram com qualidade

Desde a sua concepção, a administração da Lasa é pautada em práticas de gestão de qualidade, investimentos em logística, capacitação dos profissionais e pesquisas de satisfação. O processo de fabricação dos produtos segue conformidades e normas do Instituto Biodinâmico de Desenvolvimento Rural (IBD), dentro de padrões internacionais.

“É preciso atualização para inovar sempre. Estamos sempre em busca da satisfação do cliente. Lançamos a cachaça com mel de engenho, que está fazendo sucesso. Mas é preciso planejamento sempre, e avaliação de resultados”, diz ele, anunciando que vai ter de parar a produção de rapadura por determinado tempo, para não faltar matéria-prima para a cachaça.

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