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BNDES: Estratégias de apoio à inovação para o setor sucroenergético

Qual deve ser a estratégia e apoio de instituições públicas como o BNDES para o setor sucroenergético?

Carlos Cavalcanti e Artur Milanez, executivos do Departamento de Biocombustíveis do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), apresentam, no trabalho a seguir, detalhamento sobre propostas estratégicas de apoio.

Os especialistas da instituição financeira aproveitam, também, para apresentar um panorama do biocombustível brasileiro feito da cana-de-açúcar.

Produtividade estagnada

Entre 1975, quando o etanol, então chamado álcool, ganhou escala produtiva no Brasil, e o ano de 2000, a produtividade do biocombustível obteve ganho de escala.

A produtividade saiu de médios 2 mil litros por hectare em 1975 para médios 5 mil litros/hectare em 2000.

Do ano 2000 até 2014, no entanto, o ganho teve avanço considerado inexpressivo. O setor chegou a 2014 com médios 5,3 mil litros por hectare, ou seja, apenas 300 litros/hectare em uma diferença de quatro anos.

Os dados de Cavalcanti e de Milanez foram depurados a partir de levantamentos do IBGE, Ministério da Agricultura (Mapa) e da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica).

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Custos crescentes

Ao mesmo tempo em que a produtividade seguiu a passos lentos, os custos de produção tiveram ritmo de corrida.

Conforme o estudo dos especialistas do BNDES, produzir 1 metro cúbico (1 mil litros) custava, em valores nominais, médios R$ 800 para a unidade produtora na safra 2005/06.

Daí, caiu para médios R$ 700 o m3 no ciclo 07/08. Mas em seguida subiu e só caiu em uma das próximas safras avaliadas.

Na safra 09/10, fazer mil litros custava em média R$ 750 nominais, valor que saltou para médios R$ 1,250/m3 no ciclo 10/11, para médios R$ 800/m3 no ciclo 12/13.

Na safra 14/15, a expectativa dos especialistas era de que o custo de produção do m3 foi de médios nominais R$ 1.250.

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Estagnação de investimentos

Diante produtividade baixa e custos de produção alta, os investimentos em novas plantas industriais, as greenfields, registraram recuo.

Conforme o estudo do BNDES, o pico de abertura de novas plantas industriais foi registrado na safra 2008/09, quando o país registrou a abertura de 30 unidades.

As inaugurações foram reduzidas para 3 na safra 13/14.

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Consumo de combustíveis – ciclo Otto

Entre 2013 a 2022, segundo o estudo dos especialistas do BNDES, o consumo nacional de combustíveis pelo ciclo Otto deverá sofrer variações em favor do etanol.

Nos dez anos avaliados, o consumo nacional de gasolina nacional deverá manter-se em médios 27,4 bilhões de litros por ano, enquanto a gasolina importada ampliará sua participação de 3,4 bilhões de litros em 2013 para 15 bilhões de litros em 2022.

Já o mercado nacional, que consumiu 10,3 bilhões de litros de etanol anidro em 2013, deverá absorver 14,1 bilhões de litros em 2022.

E o mercado brasileiro para etanol hidratado, que consumiu 12,7 bilhões de litros em 2013, chegará a 2022 com a previsão de consumir 30,8 bilhões de litros.

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Inovação industrial: paradigma maduro

Como deverá ser a produtividade de etanol por hectare? Segundo os especialistas do BNDES, podem ser obtidos 17 mil litros/hectare com biocombustível 2G e cana energia.

Já a produção alcança 10 mil litros/hectare com etanol 2G sem cana energia, 7.020 litros/hectares com etanol 1G otimizada e 6,9 mi litros/hectare com o 1G atual.

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PAISS – Diagnóstico e reorientação estratégica

Lançado em março de 2011, o Plano Conjunto BNDES-Finep de Apoio à Inovação Tecnológica Industrial dos Setores Sucroenergético e Sucroquímico (PAISS) permitiu, conforme os executivos do BNDES, traçar avaliações sobre o segmento de etanol celulósico, ou 2G.

Permitiu, por exemplo, aumento da disponibilidade e previsibilidade de recursos; focalização em projetos (inclusive comerciais) de biocombustíveis avançados e em suas etapas de produção; e maior coordenação das agências de fomento federais.

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PAISS – Sumário

A carteira de investimentos avançou no Brasil. Em 2010, a carteira somava R$ 114 milhões, que, conforme o BNDES, subiu para R$ 1 bilhão em 2011, já com o PAISS, e disparou para R$ 3.660 bilhões em 2013.

Inovação agrícola: crescimento lento

Entre 1977 e 2000, o ganho agrícola (toneladas/hectare) da cana-de-açúcar foi de 40%, enquanto o ganho da soja disparou 149% no mesmo período, só perdendo para o milho, que subiu acumulados 164%.

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Potencial agrícola inexplorado

Conforme os especialistas do BNDES, a cana-de-açúcar será uma das últimas culturas agrícolas de grande escala a entrar na era transgenia, técnica que poderia mais do que quintuplicar seu potencial produtivo.

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PAISS Agrícola – Diagnóstico

Baixo retorno privado: Mercado mundial de cana ainda pequeno + P&D em cana mais desafiador: complexidade genética e elevados volumes de biomassa

Elevado retorno social: Cana é a 2ª maior fonte de energia primária e 1ª renovável do Brasil + Etanol pode abastecer mais da metade da frota de veículos e cana gera US$ 14 bilhões de divisas por ano

PAIS AGRÍCOLA – Resultado final

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AGENDA

  1. Contexto setorial: produtividade estagnada
  2. Determinantes tecnológicos da estagnação
  3. Situação atual do E2G no Brasil e no Mundo
  4. Potencial do E2G e seu impacto para o Brasil
  5. Estratégia do BNDES para o Setor Sucroenergético

 

Potencial de longo prazo – Estudo do Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE)

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Fonte de redução de custo

Segundo os especialistas do BNDES, é possível reduzir os custos com capital, enzimas e biomassa e aumento do rendimento de etanol ao longo do tempo, ou seja, entre 2016 e 2030.

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Potencial do PAISS – Novas usinas

Em razão de as novas refinarias do Brasil serem dedicadas a diesel, o Ministério das Minas e Energia (MME) projeta importações de gasolina superiores a 15 bilhões de litros por ano a partir de 2022.

Para evitar essa importação, seria necessário agregar produção de 21 bilhões de litros de etanol, esforço de investimento que o E2G poderia tornar mais factível.

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Resumo da estratégia

O atual paradigma tecnológico do setor sucroenergético apresenta sinais de maturidade, o que torna cada vez mais difícil conquistar ganhos expressivos de produtividade.

Para superar essa barreira, é necessária uma transformação estrutural do sistema produtivo, com a introdução de novas tecnologias baseadas em: etanol2G e química renovável (PAISS1) e cana-energia e cana-de-açúcar transgênica (PAISS2).

Em paralelo, é oportuno estudar um conjunto factível e diversificado de medidas de apoio a essas novas tecnologias, dentre elas: mandato obrigatório, incentivos ao investimento em P&D e marco regulatório para biotecnologia industrial.

Informações detalhadas sobre esse relatório podem ser obtidas no seguinte endereço eletrônico na internet: www.bndes.gov.br/etanol2g

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