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Bioenergia: o processo que chegou para ficar

O Brasil tem potencial para gerar 13,158 MW/médio por meio da biomassa da cana-de-açúcar; mas os investimentos são lentos e falta incentivo do governo.

Francisco Meneguetti e Antonio Sperandio: a usina tem um contrato de 20 anos para revender 138,4 mil MW/h/ano para a Eletrobrás; rede de distribuição “alugada” da Copel faz o escoamento da energia.

Com o passar do tempo a cogeração de energia tem se tornado uma alternativa econômica e ambiental a partir da cana-de-açúcar. O processo, segundo especialistas, caminha a passos lentos se for levado em conta o potencial do País. Porém, se mostra cada vez mais eficiente para que o setor opere em outra frente, além de açúcar e álcool, e contribua com o meio ambiente, otimizando a queima do bagaço que já é aproveitado na geração de vapor e energia para a própria indústria. Além de ser interessante ambientalmente, gera créditos de carbono, um dos benefícios do processo é injetar no mercado energia no período seco, quando as barragens das usinas hidrelétricas estão com nível de água mais baixo.

No País, estima a União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), de um universo de 434 usinas apenas 100 “exportam” energia, sendo 54 delas do estado de São Paulo. “Existe um potencial enorme ainda inativo. Faltam investimentos e incentivo por parte do governo”, pontua Zilmar José de Souza, assessor em bioeletricidade da Unica e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) em agroenergia.

Ele afirma que os canaviais brasileiros mantêm adormecidos cerca de três usinas hidrelétricas Belo Monte (que será construída no Rio Xingu, no Pará, com potência de 11 233 MW, o que fará dela a maior hidrelétrica inteiramente brasileira).

No Paraná, conforme dados da Associação de Produtores de Bionergia do Estado do Paraná (Alcopar), das 30 usinas de açúcar e álcool, apenas seis estão exportando energia Mas todas elas, ressalta o superintendente da entidade Adriano Dias, são autossuficientes na geração de energia. Dias também observa que a exportação de energia por parte dessas indústrias ainda acontece em passos lentos.

Entre as razões, a dificuldade de interligação da produção que sai dessas unidades com as redes de transmissão. Na maioria das vezes, explica Dias, as usinas precisam investir na instalação de subestações e linhas de transmissão até as linhas designadas pelas operadoras. Também precisam de autorização dos órgãos competentes. “O custo do investimento é alto”, admite o superintendente Contudo, ele afirma que se trata de uma excelente alternativa de geração de energia. “Está disponível, principalmente, na entressafra das hidrelétricas”.

O grupo Santa Terezinha é um dos que investem na cogeração de energia no Paraná Em 2006, a unidade de Tapejara (noroeste) deu início à produção e fornecimento de energia elétrica. Atualmente a capacidade instalada é de 50,5 MW/h A usina consome 13 MW/h e exporta 28 MW/h “A cogeração veio para ficar É um projeto caro, mas viável”, garante o diretor da unidade Francisco Meneguetti.

O gerente industrial da unidade, Antônio Sperandio, observa que o interessante do processo é que se trata da geração de uma energia limpa, mais sustentável. “Com o processo geramos crédito de carbono, contribuímos com o meio ambiente”, frisa Hoje, a cogeração de energia representa 5% do faturamento da usina de Tapejara. No momento são utilizadas 170 toneladas de bagaço por hora, em média. A unidade produz 350 mil toneladas de açúcar e 80 milhões de litros de álcool.

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