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Aumento do etanol na gasolina não terá efeito nos preços, diz setor

O aumento da mistura do etanol na gasolina, dos atuais 25% para 27% a partir de 16 de março, deve ter impacto “próximo de zero” sobre os preços finais do combustível e não vai aliviar a alta dos impostos repassada ao consumidor desde 1º de fevereiro, apontam especialistas do setor.

O aumento da mistura foi confirmado nesta quarta-feira (4) pelo ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga. Segundo o ministro, não haverá impacto para o consumidor com a medida: o preço do litro da gasolina nos postos de combustível não será alterado.

O ex-diretor da Agência Nacional de Petróleo (ANP), David Zylbersztajn, diz que o aumento em dois pontos percentuais (2 p.p.) do etanol – que é mais barato que a gasolina – na mistura tem um efeito mais importante para a indústria do etanol que na composição total da gasolina e nos preços cobrados na bomba ao consumidor.

Definida em acordo entre o governo federal e as indústrias automotiva e sucroalcooleira, a maior concentração do etanol aumentará a demanda pelo biocombustível em quase 1 bilhão de litros por ano, estima a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica).

Mesmo em período de entressafra, a atual produção do etanol é capaz de suprir a maior demanda, assegurou a entidade. “Há estoque suficiente para atender a demanda a partir de 16 de fevereiro até o início da próxima safra, com início em abril”, informou a Unica em nota ao G1.

Socorro ao setor

O professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e diretor fundador do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE), Adriano Pires, diz que a medida visa principalmente atender, com atraso, a um antigo pedido de socorro da indústria que compensar um possível excedente na produção.

“Para incentivar o etanol, o governo deveria ter aumentado o preço dos combustíveis e os impostos quando o petróleo estava caro. Agora que a Petrobras importa a preços mais baixos, terá menos necessidade de comprar do exterior com o aumento do etanol na gasolina. A medida contraria a lógica do mercado”.

Na opinião do presidente do Sindicato do Comércio de Derivados de Petróleo de São Paulo (Sindipetro-SP), Jose Alberto Paiva Gouveia, o efeito do aumento na mistura do etanol deve ser próximo de zero sobre os valores cobrados na bomba, já que o preço do litro do álcool encontra-se muito próximo ao da gasolina.

“Se os postos repassarem essa diferença, o consumidor nem vai sentir no bolso”, diz. Gouveia calcula que a medida traria uma redução em torno de R$ 0,001 sobre o preço do litro, o que considera insignificante. “Acredito que alguns postos nem vão repassar”.
Tributos

A redução é muito pequena se comparada ao aumento dos impostos em R$ 0,22 por litro na gasolina e R$ 0,15 no diesel aplicados integralmente na bomba desde 1º de fevereiro, via PIS/Cofins. A partir de maio, a cobrança por litro será dividida entre o PIS/Cofins e a Cide.

A indústria do etanol já esperava que a decisão de aumentar tributos sobre a gasolina tornasse o etanol hidratado – usado no tanque dos veículos na forma ´pura´ – mais atrativo para o consumidor, aumentando a demanda pelo biocombustível no mercado.

Isso abriria espaço para um reajuste nos preços do etanol hidratado, uma vez que o valor do biocombustível de até 70% do valor da gasolina, por render menos.

(Fonte: G1)

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